Parque Tiquatira
São Paulo, 2013
Este projeto se inicia com a perspectiva de construir, através da água, um espaço público na Zona Leste de São Paulo.
A área do projeto comporta, na atualidade, uma solução tecnicista comum nas cidades brasileiras: com o objetivo de impedir alagamentos e favorecer o trânsito de veículos particulares, foi construído, em meados dos anos 1970, duas pistas automotivas que circundam o Tiquatira retificado. A equipe se mostrou crítica à intervenção realizada. A construção das pistas revelam um olhar técnico para os problemas de mobilidade particular - se esquecendo das possibilidades e da importância que o rio poderia significar para os moradores e frequentadores do bairro.
A base de trabalho parte, portanto, do princípio que essa intervenção equivocada deveria ser revista.
O rio 'marginal', escondido, obscuro entre duas vias de tráfego viário, deveria se tornar 'herói' e aparecer novamente para uso da população. O Tiquatira se tornaria, assim, uma centralidade na região - não mais um local esquecido, mas configurado como o coração de uma região paulistana carente de áreas públicas de qualidade.
O desenho parte de um paisagismo selvagem, uma alegoria da Mata Atlântica nativa. Esta vegetação seria rompida apenas para a instalação de equipamentos públicos (quadras, escolas, centros de cultura, recreação e bibliotecas), em edificações que seriam construídas com a mesma linguagem plástica - com o objetivo de valorizar a paisagem e o rio. O Tiquatira já retificado seria trabalhado em bolsões na superfície. As principais ruas de acesso ao novo parque seriam paisagisticamente tratadas como 'caminhos' que indicariam a centralidade do local.
Um redesenho do público através da água e do coletivo.